domingo, 26 de setembro de 2010

Flamengo 1 x 3 Palmeiras

  Torna-se dificil mensurar a real extensão das qualidades apresentadas pela equipe Palmeirense nesta partida contra o Flamengo, pelo simples fato de a equipe carioca ter contribuído e muito para a vitória alviverde, para exemplificar a total apatia do time de Silas basta dizer que no primeiro tempo o Flamengo praticamente não deu um chute à gol, a única defesa mais “dificil” do goleiro Palmeirense que se pode recordar veio aos 31 minutos do segundo tempo, em um chute de fora da área.


  No entanto, a péssima atuação do time da gávea não exclui de de maneira alguma os méritos Palmeirenses, o primeiro tempo ridículo do Flamengo também se deve ao fato de ter enfrentado uma das exibições mais sólidas do Palmeiras em todo o campeonato. Tão importante quanto o resultado ou até mais, foi a forma como a equipe verde se portou dentro de campo, e o que deixou como sinais para os próximos jogos, neste aspecto vale destacar o papel de duas figuras contratadas para reconduzirem a equipe de Palestra Itália ao caminho das conquistas: Valdivia e Felipão.

  O camisa 10, claramente em recuperação de forma física e técnica, escalado como segundo atacante ao lado do sempre constante e efetivo Kléber, não só movimentou-se de maneira muito mais efetiva e inteligente, retendo a bola, executando passes em profundidade como o que resultou em um penalty certamente controverso sobre Tinga, atuando como um verdadeiro organizador das ações verdes, e desta vez menos preocupado em cair para cavar faltas, mas também Valdivia demonstrou uma disposição incrível, recuando inúmeras vezes ocupando espaços e executando até mesmo o primeiro combate quando o Palmeiras estava sem a bola.

  Já Felipão merece aqui total crédito pela exibição de sua equipe, colocando em campo a equipe em um 4-4-2(4-4-1-1 pela movimentação de Kléber e Valdivia), a primeira grande preocupação óbvia seria a participação dos laterais oferecendo opções de jogo e profundidade à equipe, ciente de que este possivelmente não seria o cenário real sobretudo pela direita, Felipão resolveu os possíveis problemas com uma decisão simples no entanto brilhante, ainda mais levando-se em conta que a decisão serviu tanto ofensiva quanto defensivamente.

  Big Phill posicionou como meias Tinga pelo deficiente setor direito que constantemente corria em direção à linha oferecendo opções à equipe, embora algumas vezes correndo mais com a bola e executando alguns lances desnecessários, mas no geral com uma boa exibição, e Marcio Araújo pelo setor esquerdo, com tendência maior em executar diagonais oferecendo o corredor às subidas de Gabriel Silva.

  Mas o grande ponto tático do jogo foi a movimentação desses dois meias quando a equipe alviverde estava sem a bola, movendo-se em direção aos lados do campo fechando o corredor para a grande força ofensiva e possivelmente única opção criativa do Flamengo, os dois laterais Juan pela esquerda, este em fase não tão boa sendo substituído ainda no primeiro tempo, e Leo Moura pela direita. Sem o apoio principalmente de Moura pelo flanco a equipe carioca se viu sem força alguma para atacar, o jogador com maior espaço e tempo de bola na equipe flamenguista pelo posicionamento de ambas equipes foi Willians mas este por sua vez não conseguiu oferecer muito à seus companheiros, também por estes estarem sempre bem marcados.

  Com Kléberson tão adiantado e constantemente tentando infiltrações infrutíferas na área verde, as opções de passe rubro-negras se viram ainda mais reduzidas, para tentar resolver isto Silas substituiu Toró por Correa, na tentativa de melhorar o passe e criar chances mais de trás, no entanto a melhora do Flamengo na segunda etapa ocorreu quando a equipe adiantou suas linhas, Deivid parou de recuar tanto em busca da bola atuando mais próximo de Diogo e não isolando o ex jogador da Portuguesa contra os zagueiros alviverdes, e pressionando o Palmeiras, que por sua vez recuou em demasia, oferecendo o controle da bola ao adversário sem estar preparado para contra-atacar, acuando em seu próprio campo.

  Foi então que mais uma vez entrou em cena Luiz Felipe Scolari, menos ocupado em discutir com os arbitros e mais calmo, completamente voltado ao jogo, Felipão utilizou as peças que tinha à disposição no momento certo, vendo o corredor que se abria pelo lado direito da defesa flamenguista com a linha adiantada em busca do gol de empate após gol de penalty cobrado por Petkovic, o técnico gaúcho trocou Marcio Araújo que executou uma excelente partida, por Rivaldo e a lógica era simples, pelo fato de ser canhoto Rivaldo oferecia aquilo que naquele momento o Palmeiras necessitava, profundidade pelo lado esquerdo algo que Gabriel Silva ocupado em tarefas defensivas não podia executar e Marcio Araújo por ser destro até poderia oferecer mas sem grandes qualidades, assim com Rivaldo o lance do terceiro gol que matou o jogo surgiu após infiltração do camisa 11 nas costas de Léo Moura, e cruzamento para o gol de Lincoln que entrava na área.

  No geral uma excelente partida Palmeirense, mais concentrado em jogar com uma disposição incrível, e utilizando-se daquilo que tem à disposição, bem escalado e consciente para controlar as várias fases do jogo.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

A Filosofia de Vanderlei Luxemburgo

OS DITAMES DO FUTEBOL MODERNO

  Quinze derrotas, três empates e apenas seis vitórias em 24 jogos, esta foi a decepcionante campanha de um dos maiores técnicos na história do futebol brasileiro, com a equipe do Atletico MG no campeonato brasileiro de 2010, após a ultima derrota por 5 x 1 para o Fluminense Vanderlei Luxemburgo foi prontamente demitido pela diretoria da equipe mineira.

 
  Como explicar o declinio tão vertiginoso, de um técnico que  aproximadamente cinco anos atrás assumia o comando do Real Madrid, respaldado por cinco títulos brasileiros com três equipes diferentes, uma passagem pela seleção brasileira, e acima de tudo o reconhecimento nacional e internacional pela capacidade tática anos luz à frente de qualquer outro treinador brasileiro, habilidoso em montar times ofensivos e  alterar os rumos de um jogo com uma simples substituição?
  A explicação mais razoável que se pode encontrar, em questões futebolisticas, passa exatamente pela grandeza das qualidades descritas no mini-curriculo acima descrito de Luxemburgo, mais especificamente nas consequências que elas acabaram por gerar em sua carreira.


  “ Eu não nasci para perder”, esta foi uma de suas últimas declarações antes do jogo contra a equipe carioca, à primeira vista uma simples frase de efeito, porém sob um olhar mais atento,carregada de simbolismo já que implicitamente revela a filosofia de um treinador preso à um estilo de jogo. A partida contra um adversário nitidamente superior, postado para contra-ataques rápidos, e que em boa parte pelo menos do primeiro tempo foi “controlado” pela equipe de Luxemburgo, mostrou como o futebol atual cada vez mais exige a preocupação intensa com dois momentos chave: ter a bola e no instante seguinte ficar sem ela, afinal a maior probabildade que existe quando uma equipe está com a posse da bola, é perdê-la e não necessariamente chegar ao gol.

  Históricamente os times montados por Vanderlei sempre foram ofensivos, controlando as ações do jogo e impedindo o adversário de jogar pelo simples fato de manter a posse com qualidade, no entanto com o crescente aumento da capacidade atlética sobretudo no que quesito velocidade os times mais fortes são aqueles que não fazem distinção entre a fase ofensiva e a defensiva, controlando os dois momentos do jogo: com e sem a bola.


  O Atletico de Vanderlei manteve a posse, trocou passes, mas parecia estranhamente perdido nas ações ofensivas para uma equipe com a marca do treinador carioca, sem capacidade de penetração cada jogador que estava com a bola olhava em vão esperando a movimentação de um companheiro, algo que não acontecia, entregando o controle então para o Fluminense, e a fase sem bola foi o que decretou a derrota elástica.


  Sem a posse o Atletico via-se completamente perdido, oferecendo espaços cada vez maiores ao adversário, com seus jogadores sempre fora de posição, obrigados a cometer faltas desnecessárias que mais tarde levariam a expulsão do volante Alê e do meia Diego Souza. O retrato da desorganização atleticana foi o espaço oferecido ao lateral Carlinhos para que este em progressão com a bola em clara vantagem atlética sobre Rafael Cruz, seu único marcador , tivesse tempo e espaço para chegar até a area defendida por Fabio Costa, marcando com a mesma jogada dois dos cinco gols do Fluminense.


  Vivendo sob as glórias passadas, e pelas conquistas estampadas em seu hostórico, Luxemburgo baseou seus jogos sempre na sua equipe, independente do adversário, acreditando ideologicamente nas qualidades do seu time única e exclusivamente, porém a frieza da realidade e dos números não aceita mais idealismos, o futebol moderno, cada dia mais, premia aqueles que se adaptam a qualquer realidade ou a qualquer momento. Após a demissão Luxa falou da necessidade de reciclagem, e este parece ser o primeiro passo em direção a uma possível retomada, estar preparado para reconhecer a superioridade do adversário e planejar o jogo na tentativa de primeiro anular suas qualidades, e então no instante seguinte colocar as suas próprias em ação.


O caminho para Vanderlei Luxemburgo, retornar ao encontro das vitórias está em aceitar a dura verdade de que a derrota também é uma das possibilidades do jogo.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Botafogo, um por todos e todos por um! A estrela Solidária

  Botafogo e Cruzeiro fizeram no sábado, uma das melhores partidas do campeonato brasileiro deste ano, um jogo emocionante, tecnicamente excelente e taticamente brilhante. O empate por 2 x 2, para quem não é torcedor de nenhum dos dois deixou a sensação de justiça, já que para alguém neutro nenhum dos dois merecia perder.


  Embora quem tenha mostrado força para disputar efetivamente o título, tenha sido o cruzeiro sobretudo pela qualidade tecnica individual de seus jogadores, a equipe botafoguense, é a que taticamente apresenta a caracteristica mais interessante para análises. E aqui cabe menção honrosa ao excelente trabalho realizado por Joel Santana.

   Depois de sua passagem no comando da seleção Sul-Africana, quando o famoso vídeo de uma entrevista com um Inglês no mínimo duvidoso virou febre na rede, a fama de figura folclórica de Joel apenas crescia, mas isto de certa forma escondia uma capacidade tática impressionante de “Mister Santana”.

  Neste campeonato o Botafogo de Joel, é uma das equipes mais bem montadas taticamente com o plano de jogo bem definido, mesmo com jogadores considerados apenas razóaveis, o time briga seriamente por uma vaga na libertadores da américa no ano que vem, e alguns acreditam até mesmo na possibilidade de título. O quadro tático mostra a escalação da equipe no supracitado jogo contra o Cruzeiro. A grande novidade para esta partida foi o posicionamento de Leandro Guerreiro, retornando à sua função “natural” como volante, já que este vinha fazendo o papel de terceiro zagueiro, ou muitas vezes líbero no esquema 3-5-2 de Joel.

  E esta variação, parece ser a caracteristica mais marcante da equipe alvinegra neste campeonato, no jogo contra o São Paulo por exemplo, a equipe já entrou em campo desfalcada e durante a disputa ainda perdeu o lateral esquerdo Marcelo Cordeiro e o volante Marcelo Mattos, ambos por contusão, para solucionar o problema no flanco Joel promoveu um revezamento entre os meias Renato Cajá e Edno pelo setor, enquanto o segundo atacante / ponta veloz Caio, de maneira pouco esperada foi o escolhido para entrar na vaga do volante Mattos.

  Somália que na partida contra o Cruzeiro retornado de contusão foi escalado na ala esquerda mesmo sendo destro e volante de origem, é mais um exemplo da solidariedade e disposição dos jogadores deste Botafogo em fazer o melho para o time em detrimento das preferências individuais.

  A velocidade é a grande base de sustentação do time, e isto pode parecer estranho à primeira vista prendendo-se ao fato que Loco Abreu é o homen de referência no ataque, mas uma análise assim superficial menospreza uma das grandes qualidades do jogador Uruguaio: a capacidade de segurar a bola enquanto seus companheiros se aproximam para dar seguimento às jogadas, com uma qualidade técnica razoável, mas sobretudo com uma inteligência tática impressionante, além é claro de saber como poucos marcar gols, Abreu tem se tornado desde o campeonato carioca, xodó da torcida e fundamental para os planos de Joel.

  Leandro Guerreiro exerceu uma marcação individual perfeita sobre Montillo meia do Cruzeiro durante o primeiro tempo, mas no segundo tempo com o cansaço e com a mudança de algumas peças na equipe, além da própria movimentação incansável do argentino, Guerreiro acabou cedendo espaço ao camisa 10 e este tornou-se o grande nome do jogo como autor dos dois gols cruzeirenses.

  Para suportar esta marcação individual, o meia Renato Cajá muitas vezes recuava nos espaços deixados por Leandro, funcionando como volante grande parte do jogo, entregando a responsabilidade de conduzir o jogo à Maicosuel.

  Com tanta variação, disposição e solidariedade o Botafogo é uma das equipes mais interessantes deste campeonato, seus jogos valem à pena ser assitidos esperando sempre algo de bom vindo da equipe alvinegra, além é claro da simples presença de Joel Santana, que sempre torna as entrevistas pós jogo mais engraçadas, e que neste campeonato vem dando uma aula tática e de montagem de equipes à todos.

domingo, 19 de setembro de 2010

Clássico Palmeiras 0 x 2 São Paulo

  Antes de qualquer análise do jogo propriamente dito, cabe uma critica ao arbitro José Henrique de Carvalho, primeiro pela expulsão de um treinador que à menos que se prove o contrário falava com seu próprio atleta, e depois pelo tempo de paralisação da partida para retirar Luis Felipe Scolari e reiniciar o jogo, criando um clima desnecessário à um jogo por natureza complicado.


  Como bem disse o comentarista Arnaldo Cesar Coelho na transmissão da rede Globo, existem arbitros que parecem gostar de criar problemas, ao invés de tentar resolvê-los.

  Falando do jogo em si, o quadro ao lado mostra como Palmeiras e São Paulo se posicionaram no primeiro tempo já com a saída de Ilsinho, que pouco participou tendo de ser substituído logo nos primeiros minutos, algo que de certa forma ajudou o treinador do São Paulo Sérgio Baresi à obter sucesso no seu plano para este jogo: Marcar o Palmeiras com uma intensidade incrível e tentar a vitória em lances de contra-ataque utilizando a velocidade de Lucas e o poder aéreo de Fernandão.

  Pelo lado Palmeirense, a escalação de Scolari, parece ter sido a melhor dentro de suas possibilidades, sem Marcos, Kléber, e Edinho, Felipão montou sua equipe em um 4-2-3-1, com Marcos Assunção e Pierre como volantes, Valdivia como meia de ligação, e Ewerthon e Marcio Araújo nas “pontas” direita e esquerda respectivamente. No comando de ataque, a opção do técnico gaúcho foi pelo centro avante Tadeu.

  Em teoria, a idéia de Felipão foi das mais correta e inteligente, aproveitar o teorico espaço nas pontas cedido pelo São Paulo, caso o tradicional esquema com três zagueiros voltasse à equipe do Morumbi,no entanto Big Phill não contava com uma estratégia tão “precavida” como a que seu colega de profissão adotou para este clássico pricipalmente após a perda de Ilsinho.

  Após a saída do lateral ofensivo, Baresi recuou o volante Jean para a ala direita,e ainda efetuou a troca de posições entre Richarlyson e Jorge Wagner, com o último passando a atuar pelo meio como volante ao lado de Casemiro. Com este reposicionamento os flancos de campo, objeto de desejo do Palmeiras, foram simplesmente trancados, e com a tendência de Marcio Araujo( este por ser destro) e Ewerthon (mais tarde Tinga) em fazer diagonais em busca do meio, os espaços que restaram foram para os dois laterais palmeirenses, mas estes não conseguiam levar muito perigo à equipe adversária, pois em caso de avanço a troca de marcação era rapidamente efetuada pela equipe São Paulina pelo setor ameaçado, Fabricio por exemplo o lateral palmeirense que mais buscava a linha de fundo, era acompanhado por Jean, ficando a marcação de Marcio Araújo entregue a Rodrigo Souto, pelo lado oposto muitas vezes isto também ocorria, mas com menor intensidade pela caracteristica de Vítor em centralizar as jogadas.

   Com a marcação forte de Casmiro em Valdivia, o jogo seguiu fechado , cheio de faltas e ruim técnicamente, e na verdade assim foi até o apito final do arbitro, os gols São Paulinos saíram da forma como a equipe tricolor deve ter planejado durante a preparação para o jogo,o primeiro em um lance de bola longa com o desvio de cabeça de Fernandão para Jorge Wagner que por sua vez também pelo alto venceu Vítor e ajeitou para o chute de Lucas, e o segundo utilizando a velocidade de Lucas em um lance de contra-ataque, que entregou para Fernandão decretar a vitória.

  Para quebrar a forte marcação do São Paulo, além do jogo pelos lados, a equipe do Palmeiras necessitava também de algo em falta atualmente no elenco: qualidade técnica, esta apenas foi vista em alguns lances esporádicos de Valdivia, que parece lentamente voltar à forma, mas com a marcação quase individual de Casemiro, e a carência técnica de seus companheiros, este pouco pode fazer.

  Tadeu, por exemplo deu mostras de como não pode nunca ser envolvido em qualquer tipo de construção de jogo,(alguns questionam se ele poderia até mesmo estar envolvido na construção do elenco....) pela sua clara deficiência técnica, os lances que contavam com sua participação quase sempre acabavam com a bola sendo “devolvida” ao São Paulo, salientando sempre que o esquema como pivot segurando a bola para quem vem de trás também não ajuda muito no desempenho do finalizador.

  No geral uma partida tecnicamente terrível, marcada pela falta de qualidade nos dois lados, vencida pela equipe que conseguiu colocar em prática o seu plano de partida.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Fluminense: Homens e Máquina.


Equipe do Fluminense

  Este é o time que Muricy Ramalho mandou à campo, em um jogo fundamental contra o Coritinhians segundo colocado na disputa do campeonato brasileiro liderado pelo próprio Fluminese.Prendendo-se somente a qualidade técnica dos onze em campo, a equipe carioca é um excelente time, jogadores como Conca, Deco por exemplo oferecem criatividade e qualidade técnica pouco comum aos demais concorrentes da série-A.

  Cabe salientar, que Muricy ainda não pode contar com Fred, à muito tempo machucado, e o bom volante Diogo que vem realizando um campeonato muito regular.Embora tecnicamente o Fluminense seja uma grande equipe, taticamente a equipe de laranjeiras ainda não alcançou seu equilibrio, e este parece ser o maior desafio do comandante tricolor na busca pelo título nacional.

  No primeiro turno, a equipe alternou entre o 3-5-2 e o 4-4-2 ou (4-2-2-2 “Brasileiro”) , mas em nenhum dos sistemas conseguiu mecanizar as movimentações sobretudo defensivas, principalmente após o encaixe da maior contratação da temporada, o meia Deco.

  Jogando no 4-2-2-2, a grande fonte de preocupação paradoxalmente, é ao mesmo tempo uma das grandes virtudes: a ofensividade dos laterais, e do time como um todo. O avanço de Mariano e de Julio Cesar, deixam muito expostos os zagueiros da equipe tricolor, e qualquer seja a dupla escolhida entre os três mais usados: Leandro Eusebio, André Luiz ou Gum, nenhum é exaltado pela sua grande capacidade de aceleração e recomposição.

  A tarefa de cobertura da linha de defesa, naturalmente recai sobre a dupla de volantes, e este parece ser o coração dos problemas do Fluminense, sem poder contar com Diguinho,e Diogo, sua dupla com maior capacidade de marcação, Fernando Bob, tecnicamente muito capacitado, mas não tão confiável em tarefas defensivas, foi constantemente escalado, com uma série de companheiros diferentes, desde Belletti, até a improvisação do lateral Julio César, com a chegada de Valencia do Atlético PR, Fernando Bob retornou a sua posição de segundo volante, enquanto o recém contratado fixou-se como primeiro volante.

  No primeiro tempo contra o Corinthians atuando no 3-5-2, Muricy viu na prática como o esquema com três zagueiros é “engolido” quando o adversário atua com jogadores abertos nas “pontas”, apoiados pelos laterais. Nos primeiros minutos de jogo, ajudado também pela estranha decisão de Adilson em inverter os “pontas” com Bruno Cesar pela direita, Elias pela esquerda e Jorge Henrique pelo meio, o Fluminense controlava as açoes, adiantando seus laterais e empurrando a equipe paulista para seu campo de defesa, criando espaço para a boa movimentação de Deco.


Como o Corinthias controlou o Flu
   Quando o técnico Adilson Batista inverteu seus pontas, a movimentação natural de ambos em busca da linha de fundo - Bruno Cesar pela esquerda e Jorge Henrique pela direita embora os mesmos tenham ocasionalmente trocado de posição durante o jogo – quem empurrou o adversário para seu campo de defesa, foi o Corinthians que passou a controlar as ações.

  A nova movimentação corinthiana e seus efeitos foram cruciais neste jogo, para acompanhar os pontas corinthianos, Julio Cesar e Mariano foram obrigados a recuar, retirando a força ofensiva das laterais tricolores, tal marcação por sua vez ofereceu grande tempo de bola e campo para progressão aos dois laterais corinthianos, Roberto Carlos e Alessandro, este último sendo acompanhado muitas vezes por Fernando Bob, com tal deslocamento e a tendência desnecessária do recém contratado Valencia em acompanhar a progressão de Elias,assim surgiram as condições para a participação efetiva da dupla de volantes corinthianas, Jucilei e Paulinho, que acabaram decidindo o jogo.

  Na volta do intervalo, Muricy abriu mão do esquema com três zagueiros, recuando Conca para o meio ao lado de Deco, e colocando Rodriguinho no lugar do zagueiro André Luis, e o Fluminense melhorou, porém com a desvantagem no placar, e sobretudo com a excelente atuação do Corinthians, que tocava a bola de maneira inteligente e paciente tentando abrir espaços na defesa adversária, o ímpeto tricolor aos poucos foi se transformando em desespero e mesmo o gol de Washinghton não foi suficiente para superar o vice-lider do campeonato.

  Com a volta de Diogo, Emerson, Diguinho e Fred, é dificil imaginar que o Fluminense não vá disputar o título de maneira mais efetiva, e o sucesso da equipe tricolor vai depender muito, além é claro do desempenho dos demais concorrentes durante o segundo turno, da capacidade de Muricy Ramalho em equilibrar sua equipe quando todos os jogadores estiverem à sua disposição, já que qualidade técnica certamente não irá faltar.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

A bagunça tática de Felipão

  Desde que assumiu novamente o comando do Palmeiras, Luis Felipe Scolari vem testando uma série de esquemas, com diferentes movimentações, porém com a chegada de zagueiro Fabricio vindo do Flamengo, aliada à falta de confiança no lateral Armero, que acabou negociado com a Udinese da Itália, Felipão resolveu montar um esquema pouco convencional, utilizando a boa capacidade técnica do recém chegado jogador carioca, em uma nova função: lateral esquerdo.

  E este posicionamento, além de gerar uma certa discordância entre observadores sobre a real função do jovem atleta, tentando descobrir se o mesmo forma uma linha de três zagueiros com Danilo e Mauricio Ramos ou uma tradicional linha de quatro com a adição de Marcio Araujo pela lateral direita, parece cada vez mais ser responsável pela “bagunça tática” no esquema ruim montado pelo técnico gaucho.

  O quadro tático, ajuda na visualização de maneira mais clara do posicionamento inicial proposto nos ultimos jogos por Scolari, além de facilitar a explicação de alguns pontos que tornam a equipe Palmeirense tão instável e frágil, capaz por exemplo de sofrer uma virada histórica do Cruzeiro em 45 minutos, após abrir dois gols de vantagem, vindo de um empate com o líder do campeonato, o Fluminense em pleno o Maracanã.

  Traduzindo em números ou em esquema, podemos classificar o time de Felipão como um 4-4-1-1 ou mais precisamente um 4-1-4-1, porém qualquer que seja a definição do esquema uma caracteristica é evidente : a assimetria exarcebada.

  Podemos notar, a enorme concentração de movimentos e portanto a tendência natural em jogar pelo lado esquerdo do campo facilitados pelo posicionamento aberto de Rivaldo. Isto seria algo normal caso pelo lado oposto, o setor direito, estivessem posicionados jogadores com capacidade técnica e sobretudo fisica de equilibrar as ações quando necessário, porém este claramente não é o cenário efetivo do time Palmeirense.

  Felipão ordena a constante progressão de Fabricio pela lateral, quando a equipe está com a posse de bola, aproveitando o espaço aberto pela movimentação de Kléber e sobretudo de Rivaldo este último em direção a area adversária para finalização e não à linha de fundo em busca do cruzamento como seria mais natural, esta fórmula de ataque no entanto, exige a participação de alguém também pelo lado contrário ocupando o setor e “prendendo ” o adversário para primeiro evitar a facilidade de marcação da ação ofensiva e no momento seguinte atrasar um possivel contra-ataque, e é justamente neste momento que surgem os problemas da equipe Palmeirense.

  A tendência natural, seria o avanço de Marcio Araujo em direção a linha de fundo, para apoiar o ataque, mas preocupado demais com o setor defensivo Scolari entrega esta função ao volante Edinho, mais próximo ao setor ofensivo portanto mais rápido também tanto em apoiar quanto em retornar ao seu posto, além de Edinho ser mais móvel do que Marcos Assunção a quem é atribuída a função de lançar a bola quase sempre com passes longos. Neste caso fica claro o mau uso do volante Edinho, um execelente jogador defensivamente, mas incapaz de oferecer a qualidade e criatividade necessárias aqueles que devem ser envolvidos na construção do jogo.

  Pierre é o jogador mais estático da equipe com relação à exigência de movimentos ofensivos, no entanto acaba sendo um dos mais sobrecarregados nas tarefas de cobertura, pelo avanço de seus companheiros de meio, e pelo deslocamento de Danilo em direção ao espaço deixado por Fabricio.

  Algo curioso de se notar acontece na fase defensiva, com a evidente carência de aceleração e recomposicão de Fabricio, muitas vezes de acordo com a exigencia do adversário,Rivaldo é encarregado de recuar e ocupar a lateral esquerda quando o time está sem a bola, possibilitando à Fabricio adiantar-se e antecipar a marcação ao seu opositor, algo que pôde ser visto por exemplo no jogo contra o Fluminense.Isto na verdade acaba aumentando a quantidade de campo que Rivaldo vai ter de percorrer no momento em que se recupera a bola, atrasando o progresso da equipe, que fatalmente acaba recorrendo ao caminho mais direto, qual seja entregar a bola para o passe longo de Marcos Assunção.

  Com a ligação direta, a participação de Kléber e Valdivia fica muito prejudicada, o chileno ainda muito fora de forma vive de alguns poucos lances que demonstram sua capacidade técnica, enquanto Kléber muitas vezes parece jogar muito mais sozinho do que realmente está, constantemente lutando contra três quatro defensores, em lances divididos, tentado segurar a bola para a chegada de seus companheiros, quando o mais sensato seria criar um esquema adapatado à forma de jogar daquele em melhor forma fisica e técnica do elenco Palmeirense.

Publicado também em minha coluna no site Só Palmeiras, http://www.sopalmeiras.com/