segunda-feira, 6 de setembro de 2010

A bagunça tática de Felipão

  Desde que assumiu novamente o comando do Palmeiras, Luis Felipe Scolari vem testando uma série de esquemas, com diferentes movimentações, porém com a chegada de zagueiro Fabricio vindo do Flamengo, aliada à falta de confiança no lateral Armero, que acabou negociado com a Udinese da Itália, Felipão resolveu montar um esquema pouco convencional, utilizando a boa capacidade técnica do recém chegado jogador carioca, em uma nova função: lateral esquerdo.

  E este posicionamento, além de gerar uma certa discordância entre observadores sobre a real função do jovem atleta, tentando descobrir se o mesmo forma uma linha de três zagueiros com Danilo e Mauricio Ramos ou uma tradicional linha de quatro com a adição de Marcio Araujo pela lateral direita, parece cada vez mais ser responsável pela “bagunça tática” no esquema ruim montado pelo técnico gaucho.

  O quadro tático, ajuda na visualização de maneira mais clara do posicionamento inicial proposto nos ultimos jogos por Scolari, além de facilitar a explicação de alguns pontos que tornam a equipe Palmeirense tão instável e frágil, capaz por exemplo de sofrer uma virada histórica do Cruzeiro em 45 minutos, após abrir dois gols de vantagem, vindo de um empate com o líder do campeonato, o Fluminense em pleno o Maracanã.

  Traduzindo em números ou em esquema, podemos classificar o time de Felipão como um 4-4-1-1 ou mais precisamente um 4-1-4-1, porém qualquer que seja a definição do esquema uma caracteristica é evidente : a assimetria exarcebada.

  Podemos notar, a enorme concentração de movimentos e portanto a tendência natural em jogar pelo lado esquerdo do campo facilitados pelo posicionamento aberto de Rivaldo. Isto seria algo normal caso pelo lado oposto, o setor direito, estivessem posicionados jogadores com capacidade técnica e sobretudo fisica de equilibrar as ações quando necessário, porém este claramente não é o cenário efetivo do time Palmeirense.

  Felipão ordena a constante progressão de Fabricio pela lateral, quando a equipe está com a posse de bola, aproveitando o espaço aberto pela movimentação de Kléber e sobretudo de Rivaldo este último em direção a area adversária para finalização e não à linha de fundo em busca do cruzamento como seria mais natural, esta fórmula de ataque no entanto, exige a participação de alguém também pelo lado contrário ocupando o setor e “prendendo ” o adversário para primeiro evitar a facilidade de marcação da ação ofensiva e no momento seguinte atrasar um possivel contra-ataque, e é justamente neste momento que surgem os problemas da equipe Palmeirense.

  A tendência natural, seria o avanço de Marcio Araujo em direção a linha de fundo, para apoiar o ataque, mas preocupado demais com o setor defensivo Scolari entrega esta função ao volante Edinho, mais próximo ao setor ofensivo portanto mais rápido também tanto em apoiar quanto em retornar ao seu posto, além de Edinho ser mais móvel do que Marcos Assunção a quem é atribuída a função de lançar a bola quase sempre com passes longos. Neste caso fica claro o mau uso do volante Edinho, um execelente jogador defensivamente, mas incapaz de oferecer a qualidade e criatividade necessárias aqueles que devem ser envolvidos na construção do jogo.

  Pierre é o jogador mais estático da equipe com relação à exigência de movimentos ofensivos, no entanto acaba sendo um dos mais sobrecarregados nas tarefas de cobertura, pelo avanço de seus companheiros de meio, e pelo deslocamento de Danilo em direção ao espaço deixado por Fabricio.

  Algo curioso de se notar acontece na fase defensiva, com a evidente carência de aceleração e recomposicão de Fabricio, muitas vezes de acordo com a exigencia do adversário,Rivaldo é encarregado de recuar e ocupar a lateral esquerda quando o time está sem a bola, possibilitando à Fabricio adiantar-se e antecipar a marcação ao seu opositor, algo que pôde ser visto por exemplo no jogo contra o Fluminense.Isto na verdade acaba aumentando a quantidade de campo que Rivaldo vai ter de percorrer no momento em que se recupera a bola, atrasando o progresso da equipe, que fatalmente acaba recorrendo ao caminho mais direto, qual seja entregar a bola para o passe longo de Marcos Assunção.

  Com a ligação direta, a participação de Kléber e Valdivia fica muito prejudicada, o chileno ainda muito fora de forma vive de alguns poucos lances que demonstram sua capacidade técnica, enquanto Kléber muitas vezes parece jogar muito mais sozinho do que realmente está, constantemente lutando contra três quatro defensores, em lances divididos, tentado segurar a bola para a chegada de seus companheiros, quando o mais sensato seria criar um esquema adapatado à forma de jogar daquele em melhor forma fisica e técnica do elenco Palmeirense.

Publicado também em minha coluna no site Só Palmeiras, http://www.sopalmeiras.com/

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