Quinze derrotas, três empates e apenas seis vitórias em 24 jogos, esta foi a decepcionante campanha de um dos maiores técnicos na história do futebol brasileiro, com a equipe do Atletico MG no campeonato brasileiro de 2010, após a ultima derrota por 5 x 1 para o Fluminense Vanderlei Luxemburgo foi prontamente demitido pela diretoria da equipe mineira.
Como explicar o declinio tão vertiginoso, de um técnico que aproximadamente cinco anos atrás assumia o comando do Real Madrid, respaldado por cinco títulos brasileiros com três equipes diferentes, uma passagem pela seleção brasileira, e acima de tudo o reconhecimento nacional e internacional pela capacidade tática anos luz à frente de qualquer outro treinador brasileiro, habilidoso em montar times ofensivos e alterar os rumos de um jogo com uma simples substituição?
A explicação mais razoável que se pode encontrar, em questões futebolisticas, passa exatamente pela grandeza das qualidades descritas no mini-curriculo acima descrito de Luxemburgo, mais especificamente nas consequências que elas acabaram por gerar em sua carreira.
“ Eu não nasci para perder”, esta foi uma de suas últimas declarações antes do jogo contra a equipe carioca, à primeira vista uma simples frase de efeito, porém sob um olhar mais atento,carregada de simbolismo já que implicitamente revela a filosofia de um treinador preso à um estilo de jogo. A partida contra um adversário nitidamente superior, postado para contra-ataques rápidos, e que em boa parte pelo menos do primeiro tempo foi “controlado” pela equipe de Luxemburgo, mostrou como o futebol atual cada vez mais exige a preocupação intensa com dois momentos chave: ter a bola e no instante seguinte ficar sem ela, afinal a maior probabildade que existe quando uma equipe está com a posse da bola, é perdê-la e não necessariamente chegar ao gol.
O Atletico de Vanderlei manteve a posse, trocou passes, mas parecia estranhamente perdido nas ações ofensivas para uma equipe com a marca do treinador carioca, sem capacidade de penetração cada jogador que estava com a bola olhava em vão esperando a movimentação de um companheiro, algo que não acontecia, entregando o controle então para o Fluminense, e a fase sem bola foi o que decretou a derrota elástica.
Sem a posse o Atletico via-se completamente perdido, oferecendo espaços cada vez maiores ao adversário, com seus jogadores sempre fora de posição, obrigados a cometer faltas desnecessárias que mais tarde levariam a expulsão do volante Alê e do meia Diego Souza. O retrato da desorganização atleticana foi o espaço oferecido ao lateral Carlinhos para que este em progressão com a bola em clara vantagem atlética sobre Rafael Cruz, seu único marcador , tivesse tempo e espaço para chegar até a area defendida por Fabio Costa, marcando com a mesma jogada dois dos cinco gols do Fluminense.
Vivendo sob as glórias passadas, e pelas conquistas estampadas em seu hostórico, Luxemburgo baseou seus jogos sempre na sua equipe, independente do adversário, acreditando ideologicamente nas qualidades do seu time única e exclusivamente, porém a frieza da realidade e dos números não aceita mais idealismos, o futebol moderno, cada dia mais, premia aqueles que se adaptam a qualquer realidade ou a qualquer momento. Após a demissão Luxa falou da necessidade de reciclagem, e este parece ser o primeiro passo em direção a uma possível retomada, estar preparado para reconhecer a superioridade do adversário e planejar o jogo na tentativa de primeiro anular suas qualidades, e então no instante seguinte colocar as suas próprias em ação.
O caminho para Vanderlei Luxemburgo, retornar ao encontro das vitórias está em aceitar a dura verdade de que a derrota também é uma das possibilidades do jogo.
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