segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Julinho Botelho e o curioso caso do ponta direita "normal"

   O futebol é um terreno extremamente fértil na construção de mitos, lendas e folclores, e nenhuma outra posição em campo contribuiu tanto para a proliferação de histórias quanto a antiga “ponta direita”, causos de gênios -loucos que encantavam torcedores por este setor alimentam contos deliciosos do esporte mais popular do mundo.


  No Brasil, logo nos vem a mente os lances geniais e as loucuras fora das quatro linhas de Mané Garrincha, a alegria do povo. O reino unido como um todo celebra as jogadas e as extravagâncias do gênio louco de Belfast George Best “ o quinto beatle”, autor da célebre frase:“Gastei muito dinheiro com bebidas,carros e mulheres, o resto eu desperdicei.”

   Os argentinos também tem seu representante, René “El loco” Houseman, ponta direita do Huracan nos anos 70, segundo conta Angel Cappa em seu livro “La intimidad del fútbol”, um dia antes de um jogo do Huracan no campeonato argentino, o técnico Cesar Luis Menotti sente falta do seu melhor jogador Houseman, apos procurar na concentração e não o encontrar, menotti resolve ir então ao bairro de Belgrano onde “El loco”morava, e lá se depara com a tradiconal pelada dos moradores, procura no campo e não o vê, então volta seu olhar para o banco de reservas e lá finalmente encontra seu atleta, chega perto e pergunta René, o que você está fazendo aqui? O louco Houseman crente que Menotti o repreende por estar no banco responde: “Viste como juega el 11?”.

Indo na contramão de toda esta loucura, está um jogador que também encantou torcedores com seus lances geniais, mas que fora das quatro linhas portava-se de maneira mais convencional, Julinho Botelho, ídolo de Portuguesa, Fiorentina e Palmeiras nos anos 50 e 60.

   Apelidado de Senhor Tristeza pelos torcedores da Fiorentina , por constantemente reclamar de saudade do Brasil enquanto ajudava a viola a conquistar seu primeiro Scudetto em 1956, Julinho foi protagonista de uma das histórias mais cativantes do futebol brasileiro. Em um jogo amistoso contra a Inglaterra após a conquista da copa de 58, Botelho entrou em campo com a camisa 7, na ponta direita, no lugar de Garrincha, um dos herois do título mundial, ao ser anunciado pelo locutor do estádio, o então jogador do palmeiras, recebeu a sonora vaia de 160 mil pessoas por “roubar” a posição de Mané, impassivel Julinho, teve atuação soberba, marcando um gol e dando passe para outro, transformando as vaias em aplausos ao seu nome enquanto deixava o campo.

 Aos Palmeirsenses também fica a lembrança de Julinho como um dos ídolos da Primeira Academia, o fabuloso time que ousou vencer o Santos de Pelé, e que representou a seleção Brasileira contra o Uruguai na inauguração do Mineirão. Faleceu em 2003 aos 73 anos na sua amada penha, deixando a lenda do ponta direita “normal”.

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