terça-feira, 12 de outubro de 2010

Luxemburgo e Ferguson, dois mundos diferentes.

 George Best ídolo meio craque e meio louco do Manchester United nos anos 60, conta em “Blessed” , que se escondia toda vez que via o mítico treinador Matt Busby apontar com seu jaguar encaminhando-se  em direção ao treino, o fazia por medo que Busby lhe oferecesse carona, o que diria ao lado dele? Perguntava a si mesmo.

  Tal tipo de situação atualmente  parece cada dia mais distante de  nossa realidade, garotos com seus egos inflados por empresários , ancorados em contratos milionários, capas de revista, e uma  infinidade de regalias e proteções por seu “valor comercial”, colocam-se em posição superior a qualquer clube, treinador, ou instituição, e com apoio de muitos seguem acreditando no direito em fazer tudo de acordo com suas vontades.

  Ouço Vanderlei Luxemburgo explicar as razões da falta de sucesso de seu “projeto” no Atlético Mineiro, e dentre uma série de fatores, quase em sua totalidade ligadas a fatores alheios à suas próprias decisões, um chama a atenção.Explica como sua tentativa em copiar o modelo de Alex Ferguson no Manchester United, que segundo suas palavras, treina a equipe apenas as sextas-feiras,  entregando a função à seus assistentes nos outros dias da semana, assumindo o controle total no dia do jogo.

  Revela ainda Luxemburgo, suas avaliações deste modelo: Alex Ferguson não funcionaria no Brasil, pois  os jogadores brasileiros não estão acostumados a receber ordens dos auxiliares, exigem a figura do treinador nos trabalhos diários.

  Difícil  discordar de alguns pontos nesta avaliação do atual técnico do Flamengo,sobretudo sobre a  diferença cultural entre jogadores, sob este prima, existe um entorno cutural gigantesco a separar Vanderlei e seu companheiro de profissão Alex Ferguson.O escocês, após mais de vinte anos no comando do Manchester United, tido como lenda, é a própria representação dos red devils,tal estatuto lhe permite delegar aos seus auxiliares o controle da equipe, pelo simples fato de estes carregarem consigo total confiança do comandante.

  O respeito a figura de Ferguson, como o de George Best à Matt Busby, é resultado da aura mistica criada em torno de alguem que se confunde com clube, qualquer desrespeito ou questioanamento a este simbolo, é um insulto a propria instituição.Conta Sir Ferguson em “Managing My Life” sua biografia, que um dia andando pelo clube, um garoto das categorias de base do Manchester, com no máximo 16 anos chamou-o de Alex, assim naturalmente, sua reação espantada foi aspera: “Sou seu amigo de escola?”, não respondeu o garoto, “Pois bem, trate-me por Mister Ferguson ou Chefe”, “como é possivel, Olá Alex!, 16 anos de idade!...”, resmungou o comandante incrédulo com o ocorrido.

  Esta é uma das principais diferenças entre os mundos futebolisticos em que vivem Wanderley Luxemburgo e Alex Ferguson, a forma que cada um lida com seus jogadores, e como estes por sua vez os tratam.A relação profissional exigida na cultura Inglesa, se opõe a maioria das relações pai e filho estabelecida na brasileira, não se trata de melhor ou pior, apenas de formação cultural diferente.

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