segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Mudar ou não mudar? eis a questão!

A encruzilhada Corinthiana
 
  O Corinthians encontra-se neste momento em um dilema existencial, que neste campeonato pode ser a diferença entre a conquista do título ou não. O grande cerne da dúvida alvinegra é lidar com a incapacidade do elenco em suprir a ausência de dois jogadores vitais ao modelo de jogo implantado por seu idealizador Mano Menezes.


  E este teorico problema não passa apenas pela qualidade tecnica de alguns de seus componentes, mas acima de tudo, pelas caracteristicas individuais e de movimentação que os mesmos podem oferecer à equipe, exigindo outro tipo de abordagem ao jogo.O modelo de Mano baseava-se em uma defesa recuada, aproveitando ao máximo a boa capacidade de leitura de jogo de William, aliada a capacidade de Chicão em efetuar a marcação do atacante adversário de maneira mais direta. Nas laterais, Alessandro e Roberto Carlos, ofereciam suporte à linha defensiva através de sua boa capacidade de posicionamento.


  Protegidos por uma dupla de volantes mais tática, ocupada  primeiro  em tarefas defensivas, a equipe de Parque São Jorge partia para o  campo com uma consistência defensiva  impressionante,muito embora a fase ofensiva acabasse prejudicada pelo posicionamento recuado de sua defesa e meio campo.Em busca do equilibrio e melhor aproveitamento do espaço criando no campo adversário, consequência natural deste tipo de abordagem, Mano utilizava a velocidade de Dentinho e Jorge Henrique para executar a transição ofensiva, com bom resultado prático.


  Uma vez recuperada a bola, a saída para o ataque logo buscava suas duas flechas, abertas pelos lados do campo, no 4-2-3-1 do atual treinador da Selecao Brasileira. O centroavante e o meia central desta forma, tornavam-se meros coadjuvantes tanto de Dentinho quanto de Jorge Henrique, pelo modelo de passes rapidos e diretos, com a simples função de abrir espaços e ou servir de ponto de referência às tabelas, a ausência de Ronaldo que certamente oferece um algo a mais por sua indiscutivel capacidade tecnica, fazia-se menos sentida, e até mesmo o criticado Souza cumpria sua função, sem causar grandes problemas enquanto os resultados eram favoráveis.


  A saída de Mano para a o comando da seleção nacional, foi certamente uma grande perda para o Corinthians,pelo seu grande conhecimento do elenco por ele montado,e seu excelente relacionamento com os atletas, no entanto o fator fundamental para a turbulência vivida pela equipe, foi a perda de suas duas principais armas de ataque, Dentinho e Jorge Henrique, sem que no elenco existissem jogadores com a mesma capacidade de acelerar o jogo, e excutar   movimentacao semelhante a da dupla titular. O argentino Defederico em teoria seria o mais indicado a suprir tal exigência, o que se viu no entanto  dentro de campo em muitas de suas participações foi a teoria indo por água abaixo.

  Adilson Batista que assumira  o comando com a equipe na liderança, viu-se obrigado a buscar alternativas, mas ao invés de efetuar mudanças no sistema tático, resolveu modificar  algo muito maior, o modelo de jogo, um conceito absolutamente inegociável em qualquer equipe  durante a disputa de um campeonato sem que os riscos se apresentem.Adepto de um futebol mais ofensivo, com passes menos horizontais e mais verticais, sempre em busca da profundidade, Adilson adiantou a linha defensiva, e exigiu maior participação ofensiva de sua dupla de volantes, que constantemente eram vistos em ações ofensivas tentando reduzir desta forma a dependência do jogo pelas pontas devido a pouca capacidade dos jogadores que nelas se encontravam em decidir jogos.


  Em disputas contra equipes semelhantes, voltadas ao ataque assim como o "novo corinthians" , o modelo de Adilson conseguia encontrar os espacos necessários para se desenvolver como na brilhante atuação diante do entao líder Fluminense em pleno Engenhão, ainda no primeiro turno,quando seus jogadores efetuaram uma das exibições mais conscientes taticamente que uma equipe pode apresentar.


  O efeito negativo da "revolução de Batista", foi notado diante de adversários mais fechados que ofereciam pouco espaco em seu campo defensivo pelo seu posicionamento recuado, e como fator chave,  buscando contra-ataques com grande velocidade, desta forma clara vantagem diante da pouca aceleração do setor defensivo corinthiano, e sua baixa capacidade de recuperacao.A mudança no modelo de jogo cobrou seu preço na transição defensiva, exposta de maneira didática no último jogo de Adilson como técnico alvinegro, a derrota por 4 a 3 diante do Atletico Goianiense no Pacaembu.


  O novo comandante Tite, logo retornou a equipe à seu modelo original, e busca compensar a deficiência do elenco pelo caminho mais seguro, a simples alteração do  sistema de jogo, em seus primeiros jogos o 4-4-2 em losango foi o esquema adotado pelo técnico nesta que é sua segunda passagem no comando da equipe de Parque Sao Jorge, mantendo a proteção à defesa recuada, e o jogo mais sólido.O Corinthians de Tite, tenta basear seu jogo na capacidade tecnica do meia Bruno César, e criar novas rotinas de movimentação como solução ofensiva, tendo como pilar a segurança defensiva do modelo Mano Menezes, isto em meio a disputa do título brasileiro mais diretamente contra Cruzeiro e Fluminense, por isto impedido de errar.Preso à um modelo de jogo pouco efetivo sem seus grandes interpretes, a impossibilidade de trocá-lo pela deficiência na formação do elenco que não oferece grandes possibilidades de mudança , o gaucho Adenor Leonardo Bacchi,nascido em Caxias, tem uma missão trabalhosa pela frente, cabe no entanto, o alento  de estar  no clube certo para uma tarefa quase "Herculeana", afinal como dizem os seus próprios torcedores, no Corinthians nada é conquistado sem uma boa dose de sofrimento.

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